data-filename="retriever" style="width: 100%;">Minha mãe sempre carregava uma "máquina de tirar retratos". Tratava-se de uma caixa escura, que ela colocava na altura da cintura e, fechando um dos olhos, mirava no pequeno orifício que havia na parte de cima, visando obter o mais lindo sorriso dos filhos. Até hoje é mágico reviver, através desses registros, momentos tão felizes. Aniversários, festas escolares, viagens no caminhão do meu pai e os inúmeros banhos de arroio ficaram eternizados. Sou, portanto, uma amante de fotografias. Influenciada pela minha "retratista" favorita, muito frequentei a Imperial da Floriano Peixoto, levando em mãos os negativos para revelar as poucas fotos que cabiam nos filmes de 12 ou 24 poses (os de 36 já eram mais caros e inviáveis para a maioria dos estudantes da nossa época). Tenho pilhas de álbuns de todos os períodos: infância, adolescência, vida adulta, nascimento das filhas, trabalhos profissionais, entre outros. Apesar de todos os avanços tecnológicos, considero importante escrever um texto sobre quando não tirar fotos. Explico a seguir os motivos que me levaram a essa reflexão.
O casamento, quase perfeito, do telefone com a máquina de fotografia, possibilita clicar mil poses da mesma situação, sem gastar um centavo a mais por isso. Em segundos escolhemos a melhor, deletamos as demais e ainda retocamos a iluminação, o contraste e outros detalhes, achando que somos profissionais no assunto.
No entanto, precisamos tirar do bolso o velho bom senso e pensar: quando não devo tirar fotos? Na abertura de uma apresentação de teatro, por exemplo, o recado já vem antes da peça: "senhoras e senhores, não é permitido manter os telefones ligados durante o espetáculo". Museus alertam, por meio de placas, que não é possível retratar determinadas obras de arte.
Locais sagrados, geralmente, não autorizam o registro de seus espaços. Alguns países possuem regras claras sobre liberar ou não imagens. É o caso do Japão, onde é proibido fotografar alguns templos e estátuas. Dizem que isso pode irritar os espíritos. Fotografar mulheres, sem o seu consentimento, em locais públicos na Coreia do Sul, pode gerar uma multa ou até cinco anos de cadeia.
Apesar dos avisos, temos assistido a um show de incivilidade nas redes sociais, com pessoas postando até cenas de acidentes, revelando imagens extremamente desagradáveis. Sempre recomendo aos acadêmicos da área da saúde que não publiquem imagens de seus pacientes, principalmente se não houver consentimento dos mesmos.
Quando relato que existem seres humanos que tentam fotografar minha filha e meu genro em locais públicos, por serem portadores de acondroplasia, muitos não acreditam. Pois pasmem! Recentemente este fato ocorreu dentro de uma universidade. Dois universitários não só foram até o departamento de trabalho dele, mas tiraram e postaram foto nas redes sociais, expondo sua imagem em tom jocoso. Fique claro, ter baixa estatura não é piada! Em se tratando de estudantes com excelente nível de cultura e condições sócio econômicas favoráveis, o fato é, no mínimo, inadmissível. Vexatório, eu diria. De que adiantam o dinheiro e o curso superior se a pessoa é antiética? A liberdade de fotografar deve limitar-se no direito à privacidade do outro. Então, por favor, não tire fotos se não tiver permissão. Obrigada!